Guerra das taxas: Itaú zera cobrança em negociações de renda variável e coloca pressão sobre as plataformas de transações

No último dia 6 de outubro, o Itaú Unibanco desafiou as plataformas digitais e anunciou taxa zero de corretagem em investimentos na Bolsa. A medida agradou os investidores da corretora, que está entre as líderes do varejo (pessoa física), de acordo com dados da B3 e da Anbima. Apesar de o corte de tarifas não ser novidade — desde 2017, as plataformas fazem promoções do tipo taxa zero para atrair clientes — o tema é incomum entre os grandes bancos. No segmento das plataformas, a taxa zero ocorre em alguns produtos, mas, claro, há ganhos de escala e receitas em outros produtos e serviços dentro do pacote ofertado aos clientes. Segundo analistas de mercado, as plataformas estão incomodando os bancos. Para entrar na guerra de igual para igual, o Itaú abrirá mão do faturamento com corretagem. No segundo trimestre de 2022, de acordo com o relatório gerencial do banco, foi registrado receita de R$ 997 milhões com assessoria econômico-financeira e corretagem com operações de renda variável (ações) e renda fixa.

Para o professor da FAC-SP Rodrigo Simões, o objetivo do Itaú em zerar corretagem é a busca de ganhar participação de mercado para não perder clientes para a concorrência. “O saldo médio por pessoa das carteiras de investimentos vem diminuindo, então se você ainda cobra corretagem é um ponto negativo, o cliente passa a olhar para o concorrente”, afirmou. Ao mesmo tempo, Simões lembrou que o Itaú adotou postura ativa em relação aos competidores. “Ele vem tentando adquirir outras plataformas, como a Avenue, a principal corretora do mercado norte-americano para brasileiros, então está aí uma fatia de receita que o banco quer morder”, disse Simões.

Data da entrevista: 14/10/2022

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